RESUMO: A integridade da via auditiva e a investigação do respectivo limiar eletrofisiológico podem ser avaliadas por meio da observação, no domínio do tempo, dos potenciais evocados auditivos de tronco encefálico. Essa avaliação é habitualmente evocada por clicks, que possuem um espectro acústico amplo, por isso apresenta sérias limitações quanto à especificidade de freqüência na determinação dos referidos limiares eletrofisiológicos. Atualmente, nova técnica de análise dos potenciais evocados auditivos, no domínio das freqüências, tem sido utilizada para uma observação particular desses limiares. Assim, com a aplicação da transformada rápida de Fourier, é possível realizar a análise das freqüências comprometidas na audição, de maneira eficiente e rápida. Tal método, por outro lado, não investiga a integridade das estruturas específicas da via auditiva, como o outro método o faz. Embora os dois tipos de avaliação referidos necessitem de arquitetura semelhante de amplificadores biológicos e sejam, em certo sentido, complementares, são realizados por dois aparelhos distintos. O primeiro deles, que conduz a observação no domínio do tempo, é bastante conhecido e diversos fabricantes, desde longa data, já o produzem industrialmente. O segundo, que inspeciona os potenciais no domínio das freqüências, é incipiente e começou a ser introduzido no mercado apenas nos últimos anos. O objetivo com este trabalho, então, foi desenvolver, caracterizar e realizar testes preliminares com um dispositivo único capaz de avaliar os potenciais evocados auditivos nos dois domínios, por meio de uma placa de som que ainda não havia sido implementada para tal fim. Assim, foi produzido um aparelho composto por amplificadores biológicos, filtros, dispositivo de proteção elétrica e um sistema lógico de controle capaz de registrar sinais biológicos da ordem de 0,5 μV. Após a caracterização e o estudo simulado, foram conduzidos testes-piloto com 12 seres humanos, ouvintes normais (n = 24 orelhas), divididos em dois grupos com o mesmo número de participantes. No grupo 1, foram observadas as latências e as amplitudes das ondas I, III e V dos potenciais evocados auditivos de tronco encefálico, adquiridas por meio de um instrumento padrão-ouro e de instrumento desenvolvido e posteriormente comparadas. Em seguida, os achados foram relacionados com o exame no domínio das freqüências formatado no novo aparelho. O grupo 2 foi submetido à avaliação das componentes p13 e n23 dos potenciais miogênicos vestibulares para a observação de sinais biológicos mais tardios, também com os dois instrumentos, e suas latências absolutas comparadas. Os resultados demonstraram não haver diferenças significativas entre os dois instrumentos para as amplitudes (p = 0,379; p = 0,301; p = 0,605, ondas I, III e V, respectivamente) e latências (p = 0,381; p = 0,140; p = 0,255) do potencial evocado auditivo de tronco encefálico. Constatou-se, ainda, que as ondas presentes no domínio do tempo davam respostas equivalentes no domínio das freqüências. Por fim, também não foram encontradas diferenças significativas entre os dois aparelhos para as latências absolutas das componentes p13 e n23 do potencial miogênico vestibular, com valores de p iguais a 0,102 e 0,078, respectivamente. Assim, conclui-se a eficiência do novo aparelhos para as funções testadas.
Descritores: potencial evocado auditivo de tronco encefálico; potencial evocado auditivo de estado estável; potencial miogênico evocado vestibular; transformada rápida de Fourier; placa de som.
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